quinta-feira, 1 de março de 2012

DE FHC a LULA.

Negócios e oportunidades perenes”- dizia o Governo populista grego, que as Olimpíadas de 2004 atrairiam ao país. A corrupção granjeava em todos os Poderes, além de um assistencialismo absurdo que atraia os jovens, em especial da zona rural a uma empregabilidade no funcionalismo público nas maiores cidades, onde quando necessário um servidor, havia pelo menos dois. Esse fluxo ora se inverte em um dos mais dramáticos êxodos pós-segunda guerra. Tudo havia sido festa no início da década passada com a entrada na Comunidade Econômica Europeia – zona do Euro; porém, com as contas nacionais apresentadas, e que autorizavam esse ingresso diz-se agora terem sido falsificadas. Na realidade não o foram, pois além de feitas e promulgadas a luz do entendimento dominante - “o liberalismo financeiro”, também foram aceitas pelos credores que ali se afortunavam no emprego de seus capitais especulativos. Essa é a hipócrita lógica dessa falsa bandeira imaginariamente pertencente às ciências econômicas. A ela o mercado resolve tudo; centra-se no discorrer do equilíbrio de contas, porém em uma “sua contabilidade” que é formada sem respeito a preceitos constitucionais e orçamentários nacionais. O chamado “liberalismo financeiro”, que jogou o mundo na atual crise, é também vulgarmente denominado por neoliberalismo e foi trazido ao Brasil com pompas e circunstâncias por FHC e mantido sobejamente pelo lulopetismo fisiológico; e a este sobejamente se adaptou e serve. Sintetiza-se na imposição de regras, e até legislação acerca de uma pretensa Justiça desenvolvimentista concernente ao estabelecimento de uma nova relação entre os cidadãos e os Poderes dos públicos - buscando contemplar e reparar contas públicas como primórdio básico nas obrigações da nação. Aqui, no Brasil todos os Poderes de uma forma ou outra são vassalos do Executivo (e clientelismo reinante), já na Grécia parte da autonomia ora se entrega aos credores externos como na época colonial das Américas. No país onde nasceu a democracia, as urnas se rendem ao capital especulativo. 

             Essa excrescente posição, que não faz parte da Ciência Econômica, - o neoliberalismo - é uma verdadeira libertinagem ao mínimo do que pode se definir, e sobrevive em seus mais perversos efeitos em Estados corruptos e com inoperantes Poderes Legislativo e Judiciário e que não protegem os interesses da nação. Déficits, ou a falácia destes, propagandeados por imaturos ou desatentos articulistas têm dado enorme oportunidade a negócios para os setores oportunistas, em especial os rentistas, através do que se convenciona classificar financiar a dívida pública, mantida a rigor por interesses escusos; ou ainda pactuar proteção comercial aos amigos da corte. Favorecimentos explícitos a setores por empréstimos subsidiados do Tesouro; incentivos e renúncias fiscais sem contrapartida à nação, e assim ainda se produz e concentra riqueza com o nunca a despeito de parcos indicadores contrários que classificam neste país que deixar de ser miserável basta obter renda familiar mensal acima de R$ 70,00 por individuo! Outros efeitos são sentidos como o processo de desindustrialização e tão apenas busca-se produzir resultados nacionais através das exportações de bens primários, regressando a um contexto civilizatório da prosperidade econômica já superado há décadas pelo Brasil. 

             Enfim, a pretensa ideologia disfarça seus interesses, e é dominada por classes e setores que sob a “roupagem científica” se impõem sobre direitos constituídos dos cidadãos abusando e mentindo sob alguns pretextos máximos para tomar a si o controle de contas (sem participação ou até com anuência do Congresso); conquistando o pleno domínio na condução dos destinos e desatinos das aplicações dos recursos oriundos das sempre elevadas cargas tributárias. Este é o Brasil desde o fim dos anos 90.

                Oswaldo Colombo Filho

          O Estado de S.Paulo 24/02/2012

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