domingo, 1 de janeiro de 2012

53 anos da revolução cubana

Para alguns, o progresso decorrente da revolução cubana, consagrada em 1.º de janeiro de 1959, continua a representar um marco na história social e política. Obviamente, isso para um público restrito; para outros, onde me incluo, apenas resta a constatação do "neomedievalismo", ou ainda o obscurantismo reticente do comunismo em suas mais retrógradas e opressivas manifestações contra as liberdades individuais e econômicas. A gestão pública segue o mesmo ritmo do período feudal. A ilha é uma fantasia para os tolos que a enaltecem, aqui, na América do Sul, e se dizem socialistas e têm em Fidel Castro um símbolo. Avançamos mais de uma década no século 21 e o elogiado regime por Dirceu, Morales, e Chávez tem milhares de presos políticos – que foram comparados a criminosos comuns, numa entrevista à imprensa internacional (Associated Press) dada por Lula, quando arguido sobre a morte por greve de fome de Orlando Zapata (jornalista e psicólogo), na véspera de sua chegada a Cuba, pela qual clamava liberdade política. "A greve de fome não pode ser usada como pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas. Imagine se todos os criminosos presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem a liberdade" – Lula honoris causa (?).

Fidel, afastado do governo, mas eminência parda, é o grande líder que inspira o governo local, além dos socialistas sul-americanos; estes variando na escala de bolivaristas a corruptos; além de muitos já subtraídos da essência do mínimo senso do ridículo ao defenderem o regime ditatorial. O líder declarou dois anos atrás o início de um processo de atualização do modelo econômico cubano e que não poderá levar mais de um quinquênio para concluir. "Ordenou" o ajuste de um cronograma de demissões em massa do funcionalismo público, reduzindo assim toda a mão de obra ocupada ao encargo direto do Estado; portanto, é o expurgo do pleno emprego para miséria, e não mais o "Estado agindo como protetor social" – conclamado por Marx. Esse é o novo lema dos comunas caribenhos. Aprenderam a fazer a pior parte do capitalismo, que tanto criticam.

Em outubro de 2010, o presidente Raúl Castro, numa primeira medida decidiu que os funcionários, até então estatais, que ocupavam os ofícios de barbeiro e cabeleireiro passariam a exercer tais atividades de forma autônoma, ou numa espécie de microempresa então predefinida. Tais cidadãos foram alçados a alugar os locais e equipamentos (?) pertencentes ao Estado, para poderem exercer seu ofício, e passaram a recolher impostos e até contribuição previdenciária, o que antes não faziam. Imaginem isso no Brasil, se barbeiro e manicure fossem funcionários públicos? No Senado deveria haver um para cada gabinete!

Edição comemorativa pelos 50 anos de "la Revolución"

Em dezembro/11, na reunião "semestral" do Congresso Cubano – note bem, semestral, para dar inveja aos nossos parlamentares –, o único partido existente (o Comunista, que apoia tudo o que o poder central apresenta, o que em nada difere do que ocorre no Congresso brasileiro) acatou o pronunciamento de Raúl, que aprofundou o programa lançado por Fidel. "A meta é reduzir a meio milhão o número de postos de trabalho no governo e tornar a economia da ilha mais eficiente do que já é”, segundo a ministra das Finanças, Lina Pedraza. Uma vez dada como válida a experiência feita em 2010 com os barbeiros, cabeleireiras, engraxates, manicures, etc., o Estado deve seguir adiante, completa a ministra. Segundo ainda informa o jornal oficial do regime, El Granma, é chegada a ora de "privatizar" os serviços de carpintaria, serralheria, fotografia, joalheria, conserto de sapatos e colchões, manutenção de equipamentos eletroeletrônicos, mecânicos de autos e bicicletas, relojoeiros, cortinas e costureiras, entre outros. E isso começa a partir de hoje, 1.° de janeiro, como parte dos festejos por mais um aniversario dos “avanços socioeconômicos” da revolução de 1959. O jornal cubano, que deve funcionar nos moldes da lei de imprensa que José Dirceu quer para o Brasil, informa que os novos trabalhadores privados, ou ex-funcionários públicos, "poderão assinar contratos" de arrendamento, de até dez anos, das instalações e equipamentos, prorrogáveis por acordo entre as partes. Imagine-se o que significa "poderão assinar”, já que são demitidos sem indenização alguma, além de imaginar qual seja o estado e/ou o nível tecnológico dos equipamentos utilizados nessas atividades até então praticadas por um Estado arcaico e sem condições de se manter. Continuando: concessivamente, e pelo bem da sociedade, esses fiéis microempresários terão os preços de seus serviços ou bens produzidos fixados pelo Estado, mas poderão ficar o primeiro ano sem pagar o aluguel das instalações desde que se comprometam a recuperar os imóveis (de propriedade do Estado) que ocuparem para o exercício de suas atividades. Mais uma resolução aprovada no mencionado Congresso, esta proposta pelo ministro do Comércio Interior.
O governo é basicamente o único empregador num país com 11 milhões de habitantes e emprega pouco mais de 5 milhões de pessoas. Apenas 357 mil trabalham ou trabalharão a partir de hoje por conta própria em 181 ofícios autorizados, segundo dados oficiais, ou seja, desde que Raúl Castro autorizou a abertura de licenças em outubro de 2010. A ministra das Finanças completou em sua fala que espera que o número de trabalhadores privados suba para 1,8 milhão até 2015.

Cuba, que teve nos derivados da cana-de-açúcar sua maior fonte de renda, além do tabaco e outros produtos agrícolas, não tem mais competitividade para atuar no mercado externo e ainda alimentar a sua população, como fazia até três décadas atrás. Hoje a atividade de maior sustento da ilha é o turismo. O comunismo local virou folclore para turistas. Tragédia já é aos seus habitantes e afunda num perigoso sustento de "favores" feitos por Chávez. O que há a lamentar é a vida e o tempo perdido por milhões de cidadãos cubanos enquanto esse regime agoniza.

          Oswaldo Colombo Filho
 O Estado de S.Paulo 01/01/2012
   Diário da Manhã (GO) 31/12/2011 

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