Devaneios da politicagem barata embasam e escondem os "articulados benefícios" que a copa legará. Aliás, ao tema não há discordância no cenário político, o que se confirma no dito popular "todos são farinha do mesmo saco" e estão engajados numa ação dilapidadora e irresponsável encetada pelas bravatas populistas de Lula. A isenção, e que a bem da verdade é uma doação dos contribuintes paulistanos, se materializa na forma de títulos comercializáveis (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento- CIDs, da PMSP). Em algum momento serão utilizados pelos possuidores em deduções ou quitação de taxas e/ou impostos municipais lançados sobre imóveis e/ou serviços localizados e executados em qualquer lugar do município. Portanto, a justificativa que beneficiarão diretamente a zona leste e Itaquera é mais uma conversa de botequim; pois de fato se incorporarão a um patrimônio privado localizado em Itaquera - o estádio, e favorecerão outros empreendimentos sem fito social e que deveria justificar tal abono na dedução das receitas futuras do município. Foi um exímio ato e arte do prefeito e da câmara municipal em doar R$ 420 milhões, a se corrigirem monetariamente até a data de utilização.
O alcaide Kassab, ainda ironiza a razão e a lógica ao dizer que se a cidade de São Paulo "sediar a abertura" da Copa poderá ganhar R$ 1,5 bilhão. Tal qual um jogo: quem serão os ganhadores e os perdedores em São Paulo e no Brasil?
Até agora e erário público paulistano contabiliza a perda de R$ 420 milhões; que se acrescerão pelas renúncias fiscais e previdenciárias e que para uma obra desse porte e com nossa carga fiscal superará R$ 160/170 milhões; além disso, há parte do BNDES, que financia tudo, menos a sua razão e objetivo de sua existência e que empresta a juros de "compadre", de no máximo 6% a.a., enquanto o Governo lhe repassa o que capta no mercado a 12% a.a. Está diferença também ficará por conta da viúva do Tesouro; ou seja, da sociedade como um todo.
Não bastasse isso, noticia-se que o estádio terá 48 mil assentos e para que possa sediar o tão sonhado jogo inaugural (?) receberá uma estrutura provisória com mais 20 mil assentos e que custarão em definitivo, e no mínimo aos paulistas + R$ 70 milhões, doados pelo governador Alckmin. Custo modesto de R$ 3.500,00 por assento e cuja renda auferida pelo “circo” irá para a Fifa! Segundo o pífio raciocínio do nosso Robin Kassab Wood às avessas, as duzentos mil pessoas que habitam o bairro de Itaquera, além dos demais moradores da zona leste terão satisfeitas ou minimizadas suas carências básicas com o magistral evento da "bola rolando".
-Serão postos de saúde; escolas; creches; saneamento, transportes?
Ao desmontar das lonas desse circo mambembe esses paulistanos poderão superar suas necessidades dirigindo-se ao Itaquerão e se beneficiar do legado prometido e barbaramente custado pelos contribuintes que sempre ouvem dos gestores públicos as acintosas manifestações de falta de verba. Exemplo de legados não nos falta; sequer precisaríamos inferir sobre o que as Olímpiadas de Atenas fomentaram na atual tragédia grega; bastaria o bom senso de tão somente observar o Engenhão e demais obras realizadas para os jogos Pan-americanos no Rio. Fica claro que o pior está por vir nessa contabilização de prejuízos à nação; afinal um estudo do Senado já aponta que este copa - 2014 deverá ser mais cara que as três últimas juntas. Vale lembrar, - foram construídos dois estádios na Alemanha, além de reformas em outros dez; - construídos os vinte estádios utilizados na Coréia e Japão; - e mais cinco novos na África do Sul, além da reforma em outros cinco. Fica a pergunta:- quem ganhará com a copa no Brasil? Certamente os contribuintes perderão de goleada vexatória, resta saber de quanto.
Oswaldo Colombo Filho
Jornal O Estado de S.Paulo -22/07/2011
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