Em 1970 fomos tricampeões e o prefeito de São Paulo era Paulo Maluf. Na mesma onda de populismo que o atual alcaide da cidade lamentavelmente se prestou, Maluf doou 23 "fuscas", sendo um para cada jogador. Passaram-se anos, e finalmente foi condenado a ressarcir os cofres públicos. Perto do que ocorre agora, o escândalo da época seria mera ação de tribunal de pequenas causas - assim diria o Senador Pedro Simon. Imaginem se aquilo que sobreveio a Maluf pudesse acontecer de novo? Gabam-se os atuais governistas, liderados pelo partido da ética e dos ideais, agora notadamente fisiológicos, que na época de Maluf ou de qualquer governo anterior a 2003 tudo era pior. Se fosse, pelo menos não sabíamos, havia certo pudor, e ao que se percebe agora nem isso há mais.
Afinal em que evoluímos? A imbecilidade crônica em eleger corruptos piorou, e me parece ser compulsiva por militâncias espalhadas pelo país. Quando não militâncias, são os analfabetos políticos elegendo até palhaços e o mais votado na história do país veio pelas mãos de Valdemar da Costa Neto (PR), aquele que dizem ser o dono do Ministério dos Transportes e que ajustou com Lula a permanência de Alfredo Nascimento, e que foi parte da herança que legou a sua sucessora. Um verdadeiro presente de grego. Difícil dizer, mas éramos felizes e não sabíamos. Ladrão naquela época era trombadinha ou batedor de carteira. Hoje assumem a tribuna no Congresso e mandam recado ameaçador à presidente, autoridade que se imagina ser a mais alta do país, - "ela está brincando com fogo"; e isto por demitir corruptos instalados pelo governo anterior em altos cargos públicos nos ministérios. São os arautos das arapucas; advogados de porta de cadeia; meliantes travestidos de parlamentar que ora condenam o Executivo pela "desfaçatez" com que ela os trata ou demite os lacaios flagrados com a boca na botija. Na verdade ela está limpando a sujeira que o inquilino anterior deixou, mas há quem queira manter essa sujeira onde está. Espero, assim como milhões que leem jornais, que a presidente, com ajuda da imprensa livre, não só limpem e removam essa escória do governo, mas aproveitem o "tom da ameaça", e com "ferro e fogo" marque essa alcateia desavergonhada e insaciável com a inscrição na testa "Corrupto, demitido a bem do serviço público".
Oswaldo Colombo Filho
Jornal O Estado de S.Paulo - 26/07/2011
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