quinta-feira, 16 de junho de 2011

Wall Street Journal e Mantega

Nas sombras e despercebido dos noticiários graças a tantos encantos, desencantos e escândalos no Planalto; veio o Wall Street Journal escarafunchar na calmaria em que o Ministro da Fazenda estava. Analisa o periódico os males do excesso de crédito em passado recente a dinamizar a economia; o chamado - "espetáculo do crescimento de Lula da Silva"; e decorrente pressão inflacionária como herança "bendita" para Dilma. Na verdade pouco cita além da bestialidade populista de desperdiçar recursos em uma Copa do mundo; Olimpíadas e altas taxas de juros. 
Mas o sentido das colocações poderiam se completar; naquilo que o ministro não alude publicamente como a expansão da base monetária que medida pela média dos saldos diários (fonte BC) teve um aumento nominal de 183% entre 2002 e 2010 - e 13,4% de incremento em relação ao PIB no mesmo período. Ignorar os mandamentos da teoria quantitativa da moeda assim como os indicadores que em passado recente, na febre de crédito apontaram para essa situação que ora vivemos foi e é um erro. Um absurdo; vendeu-se o jantar para pagar o almoço. 
O atual ministro era o mesmo, e fiador durante a campanha eleitoral de que não haveria problemas. Isto era impossível pela simples dinâmica da economia internacional onde os juros internos brasileiros, mesmo que não elevados fossem agora, continuariam em altos níveis atraindo capital especulativo, inflando o crédito fácil; e se agora o BC não elevar os juros pior ficará. Se correr o bicho pega, e se ficar o bicho come. O efeito multiplicador da base M1 (efeito multiplicador do crédito gerado no sistema financeiro), aos meios de pagamento no conceito M4 (papel moeda/depósitos a vista/poupanças/investimentos/títulos públicos etc.) causou um aumento nominal entre 2002 e 2010 de 274%; ou um incremente real ao PIB de 50,5% no mesmo período.
Fale o que falar, e se assim desejar a quem acreditar, mas bem deve saber o ministro, que tão somente muita severidade nas contas dos gastos governamentais, e que como noticiado dias atrás aumentaram, poderá haver controle eficaz da pressão inflacionária fruto da libertinagem de gastos no reinado de Lula da Silva. Lamentavelmente, não é esta a visão do governo e do congresso de moral desvalida além de um ministério incompetente. Nossa chance é da Presidente Dilma virar a mesa. Assim esperamos.
Oswaldo Colombo Filho 
Jornal O Estado de S.Paulo - 15/06/2011

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